*Rangel Alves da Costa
“Por que
não experimenta cantar?”, perguntou o passarinho preso perante o seu dono
entristecido Uma imagem, do tipo charge no Facebook, me chamou atenção.
Nela, um
homem entristecido diante das grades de sua janela, amargando as tristezas e a
solidão do isolamento, é perguntado pelo passarinho que está logo atrás
aprisionado numa gaiola: “Por que não experimenta cantar?”.
O
passarinho também poderia perguntar: “Acha que canto por felicidade ou pra
passar o tempo, ou por que minha tristeza é tão grande que me ponho a cantar
para aliviar as angústias e desilusões?”.
“Por que
não solta a voz e reinventa um sozinho ao invés de ficar todo entristecido
perante as grades da janela? Olhe aqui, olhe pra trás e veja que não é apenas
você que está diante de grades”.
“Então, já
que está assim entristecido, nada melhor que tentar um longo e belo canto. Muitas
vezes, mesmo sabendo de minha situação de prisioneiro, você vem aqui me
pedindo, e até exigindo que eu cante. Então por que não experimenta cantar?”.
Diálogos
possíveis a partir de uma imagem. Uma imagem que é uma metáfora de tão
contundente. É como se o passarinho quisesse dizer muito mais: “É boa a
sensação de estar se sentindo como um prisioneiro dentro de uma gaiola?”
“Estar
atrás de uma grade, sem poder ter a liberdade de sair e fazer o que quiser,
causa tamanho entristecimento? E você já imaginou como eu me sinto aqui
aprisionado nessa gaiola?”
“Quando eu
canto, então você acha que estou alegre, que me sinto bem dentro da gaiola, que
me traz contentamento estando preso. Então também procure cantar diante da
grade de sua janela, quem sabe assim irão imaginar que você está muito feliz!”.
Contudo,
eu diria mais. Diria que somente nos instantes de tristeza e de dor, de
necessária reclusão e falta de uma porta aberta para o mundo da liberdade, o
ser humano passa a meditar sobre o que poderia fazer diante de outra situação.
Mas
deveria refletir muito mais acerca da importância de se estar livre e do que
fazer com a liberdade que lhe é concedida como atributo humano. E não só deixar
o pássaro livre para voar e viver o seu mundo na natureza, mas igualmente
permitir que as liberdades dos outros sejam respeitadas, que se dê a
importância exata ao que o outro merece ter.
E também
usar da liberdade futura para o bem maior de si mesmo e de todos. É que - e
quase sempre - não há canção saindo da voz que faça alegrar um coração perverso
ou pesaroso. Preciso será que se permita primeiro a alegria interior, através
da liberdade de consciência.
Todo canto
será bem-vindo e bem ouvido. Contudo, um canto com asas de liberdade, de paz e
contentamento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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