*Rangel Alves da Costa
Sinhá Velha. Quem se lembra de Sinhá Velha?
Hoje ninguém lembra mais, mas muita Sinhá Velha já fez parte de muita raiz
familiar. Muita Sinhá Velha já cuidou da casa, já debulhou feijão para
alimentar a família, já bateu café em pilão, já desceu ao riacho com um monte
de roupa suja na cabeça, já fez panela de barro e dançou na roda do
samba-de-roda. Aquelas negras, mulheres parecendo eternas, de força
incompreensível pela idade, mas sempre na firmeza da luta. Sinhá Velha que
acalantou menino chorão, que segurou criança no parto, que fez chá de remédio
do mato e curou uma infinidade de males. Sinhá Velha com seu pano amarrado na
cabeça, com figas e patuás, com santos e deuses no oratório de seu coração
escravo. Sinhá, Sinhá, onde estais agora Velha Sinhá. Nos livros de história
não. Os livros talvez não gostem das pretas velhas, das velhas sinhás. Onde
estais agora Velha Sinhá? No banzo, numa saudade minha, eis aonde ainda vive
minha Velha Sinhá.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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