SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 9 de abril de 2020

Palavra Solta – Sinhá Velha



*Rangel Alves da Costa


Sinhá Velha. Quem se lembra de Sinhá Velha? Hoje ninguém lembra mais, mas muita Sinhá Velha já fez parte de muita raiz familiar. Muita Sinhá Velha já cuidou da casa, já debulhou feijão para alimentar a família, já bateu café em pilão, já desceu ao riacho com um monte de roupa suja na cabeça, já fez panela de barro e dançou na roda do samba-de-roda. Aquelas negras, mulheres parecendo eternas, de força incompreensível pela idade, mas sempre na firmeza da luta. Sinhá Velha que acalantou menino chorão, que segurou criança no parto, que fez chá de remédio do mato e curou uma infinidade de males. Sinhá Velha com seu pano amarrado na cabeça, com figas e patuás, com santos e deuses no oratório de seu coração escravo. Sinhá, Sinhá, onde estais agora Velha Sinhá. Nos livros de história não. Os livros talvez não gostem das pretas velhas, das velhas sinhás. Onde estais agora Velha Sinhá? No banzo, numa saudade minha, eis aonde ainda vive minha Velha Sinhá.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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