SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 19 de fevereiro de 2017

Palavra Solta – silêncio e chuva


*Rangel Alves da Costa


Agora noite. Não há silêncio nem chuva. Mas quem dera o silêncio e a chuva. Um silêncio já chegado ao entardecer com o sopro de brisa. O silêncio já presente desde o zunido da folha que foi levada pelo vento. O silêncio já silenciado em sua absoluta mudez desde que a boca não quis mais se abrir a qualquer palavra. E em meio ao silêncio, no seu abraço enlaçado, o murmurante som da chuva caindo. Um pinho, um toque, depois o som na vidraça, os respingos no telhado, as canções noturnas se derramando pela rua. Em momento assim, não quero nem xícara de café, cálice de vinho ou dose de uísque. Nada quero além de ouvir a voz da chuva caindo. E, silenciosamente, gritar minhas agonias, bradar minhas aflições, ecoar minhas solidões. Para depois adormecer de olhos molhados pela enxurrada correndo lá dentro. Tempestade que não se faz lá fora, mas que tudo encharca em mim.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com 

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