SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 3 de março de 2017

Palavra Solta - lembranças das singelezas de outros tempos


*Rangel Alves da Costa


Vieram-me agora lembranças das singelezas de outros tempos. E que tempo diferente desse mundo desumanizado e feio de agora. Lembrança do café batido em pilão, depois torrado e preparado no fogão de lenha. O caldo negro descendo sobre a xícara e o aroma bom esparramado por todo ligar. Lembrança dos cafunés de minha avó e das palavras carinhosas de meu avô. Minha avó minha deitar no seu colo e depois começava a chamegar sobre minha cabeça, passeando com suas velhas mãos entre os fios de meus cabelos. E cantava história de príncipes, reinados e seres encantados. Cada causo mais bonito que o o0utro, mas que eu nunca escutava até o fim, pois adormecia contente e ainda sujo dos pés à cabeça. Meu avô pinicava fumo e falava sobre sertão, sobre bicho, sobre tudo. Queria que eu jamais me desapartasse da terra, certamente. Jamais me esqueci de suas lições, mas também não pude lá permanecer por muito tempo. Do menino do mato a rapaz de cidade. Mas hoje, toda vez que retorno ao meu sertão, ainda sinto o cheiro do café torrado e derramado na xícara, sinto as mãos de minha avó fazendo cafuné e ouço meu avô dizendo: filho meu, mundo sertão é o meu e o seu, filho meu...


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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