SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 4 de abril de 2017

Palavra Solta - um trem de saudade


*Rangel Alves da Costa


Um trem de saudade. Sim, um trem de saudade. E saudade do apito, do ronco das máquinas, do barulho nos trilhos, das pessoas chegando e partindo, das flores à mão, das malas antigas de couro, das lágrimas nos olhos, dos adeuses. Outro dia li uma reportagem que me deixou assim, com um trem de saudade, com vagões imensos de tantas saudades. Dizia a reportagem que pouco ainda resta das antigas estações de trem. A grande maioria foi abandonada, virou escombros ou locais de moradia do imprestável. Outras, ainda em pé, sentem a ausência dos trens chegando e partindo, vez que viagens em locomotivas foram engolidas pelas aeronaves, rodovias e embarcações. E o que se tem agora é uma feição nostálgica tamanha que somente a memória para ainda avistar a bonita e singela estação, com seu relógio e bancos largos, e logo adiante os trilhos se alongando pelos horizontes. Lá na curva da serra, de repente o apito e a fumaça anunciando a sua chegada. E os braços abertos para o reencontro e os braços derreados pelo adeus. E os acenos, os beijos ao longe, os lenços deixados ao vento, as rosas caindo rente aos trilhos. E o apito do trem. Um trem de saudade.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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