*Rangel Alves da Costa
Quem
possui sentimento de humildade, dificilmente estará apegado a bens ou coisas
materiais. O ter significa apenas uma necessidade, não um luxo ou meio de
ostentação.
Há
pessoas, contudo, que forjam o ter como forma de demonstração de felicidade, de
poder, de diferenciamento social. Mas aí as aparências servindo apenas para
esconder os reais sentimentos.
E assim
por que não há sorriso bonito sendo forjado, não há feição tomada de
contentamento se o corpo e a alma estão apreensivos e descontentes, não há
verdadeiro viver se a vida foi construída ou está sendo mantida sobre castelos
de areia.
Somente é
verdadeira a felicidade espontânea, nascida da conquista ou do reconhecimento
de cada um de suas limitações. E para ser ato de normalidade, sem repentinos
altos e baixos, o sentido da felicidade deve estar alicerçado na real
valorização que cada um faz de si mesmo.
Ora,
quando mascarada ou mantida em fingimento, a felicidade acaba se tornando um
fardo a ser carregado. É possível mascará-la sempre? Nunca. Sorrisos dourados
não significam nada. Se o coração não está sorridente e confortado, de nada
adianta um rosto aberto e mãos brilhando de diamantes.
Carro de
luxo não traz felicidade, anéis dourados não trazem felicidade, casarão de
moradia não felicidade, ostentar que possui muito dinheiro e outras riquezas
não traz felicidade.
Será que
pode ser feliz aquele pobre casal que vive embrenhado nos cafundós do sertão?
Será que traz consigo a felicidade aquela mocinha de chinelo barato no pé e
vestido de chita? Será que encontra motivos de felicidades aquele rapazinho que
sabe que tem pouco e por isso não vai além do que tem?
Sim.
Ninguém vai ao supermercado comprar dois pacotes de felicidade, ninguém entra
num banco para sacar um milhão de felicidades, ninguém entra numa loja chique
para se vestir e revestir de felicidade. A felicidade não se compra.
Repita-se:
a felicidade não se compra. A felicidade é como uma comunhão de aceitação de si
mesmo com a negação daquilo que constantemente lhe é exposto para ser
diferente. A felicidade é uma junção de humildade, de sabedoria, de nobreza da
alma e de comedimento.
A
felicidade é uma conquista que não precisa ser plantada para ser colhida, pois
já florescendo dia após dia. A felicidade é ato de coração, de olhar, de
palavra. Todo mundo conhece quem finge, quem mente, quem forja ser o que não é.
Muitas
vezes, parece até um peso ruim e negativo estar ao lado de quem não é
verdadeiro por viver revestido de ilusões de ser o que não é ou ter o que não
possui. Outras vezes, uma pessoa carente se aproxima e é como um véu de alegria
e de leveza boa se espalhe por todo lugar.
Ora, traz
o bem no coração, chega com feição verdadeira, não traz consigo nada além do
que o ser em si mesmo. Daí parecer ornada de luz, iluminada por dentro e por
fora. E tornando o instante um prazeroso momento na vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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