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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Palavra Solta - silêncios e gritos



*Rangel Alves da Costa


Em nós, os silêncios e os gritos são como uma só voz. Ninguém permanece em silêncio absoluto nem o seu grito deixa de ser um tanto silêncio. O pensamento, as memórias, as nostalgias e recordações, tudo possui voz, fala, ecoa e até grita. As lágrimas gritam de dor, o coração pulsa forte pelo sofrimento, o corpo inteiro se alvoroça em bramidos perante as mais diversas situações. O silêncio da brisa traz uma linda canção. A voz do vento vai trazendo notícias de muito longe. Nada silencia, nada permanece sem voz. A pessoa, mesmo no dito em silêncio, está a todo instantes dialogando consigo mesma. A voz humana de repente irrompe enquanto a pessoa está sozinha. Há uma necessidade de falar sozinho, de confessar, de revelar a si mesmo. E quanto os gritos, os brados e os urros surgem, certamente que são apenas ecos daqueles silêncios da alma que não suportaram permanecer sem extravasar. Então os gritos surgem, mas apenas como ecos silenciosos de algo que já gritou ainda mais forte na alma. E pelos ares, esse misto de silêncio e voz. E na pessoa, a certeza de que sua inquietude tem voz e grito, vozes surgidas de uma solidão que nunca cala completamente.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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