*Rangel Alves da Costa
Em nós, os silêncios e os gritos são como uma
só voz. Ninguém permanece em silêncio absoluto nem o seu grito deixa de ser um
tanto silêncio. O pensamento, as memórias, as nostalgias e recordações, tudo
possui voz, fala, ecoa e até grita. As lágrimas gritam de dor, o coração pulsa
forte pelo sofrimento, o corpo inteiro se alvoroça em bramidos perante as mais
diversas situações. O silêncio da brisa traz uma linda canção. A voz do vento
vai trazendo notícias de muito longe. Nada silencia, nada permanece sem voz. A
pessoa, mesmo no dito em silêncio, está a todo instantes dialogando consigo
mesma. A voz humana de repente irrompe enquanto a pessoa está sozinha. Há uma
necessidade de falar sozinho, de confessar, de revelar a si mesmo. E quanto os
gritos, os brados e os urros surgem, certamente que são apenas ecos daqueles
silêncios da alma que não suportaram permanecer sem extravasar. Então os gritos
surgem, mas apenas como ecos silenciosos de algo que já gritou ainda mais forte
na alma. E pelos ares, esse misto de silêncio e voz. E na pessoa, a certeza de
que sua inquietude tem voz e grito, vozes surgidas de uma solidão que nunca
cala completamente.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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