*Rangel Alves da Costa
A canção do porto é canção de mar, é canto de
areia, é melodia de brisa e de ventania. A canção do porto é molhada, é leve, é
suave, mas também tempestuosa, afeita, temerosa. No porto a simbologia da
chegada e da partida, do abraço e da despedida, das flores lançadas na areia
das cartas velhas chegadas em garrafa. Por isso mesmo que a canção do porto é
misteriosa, é como ilusão e verdade desconhecida. Uma canção que navega, que
vai além, que alcança distâncias, mas também naufraga nos beirais das
tristezas. Canção tomada de gaivotas, de maresias, de âncoras e de cascos das
velhas e perdidas embarcações. Uma canção de farol e de grito de dor, de
coqueirais ondulando e de conchas que ecoam segredos. Uma pedra lavada, um
passo que caminha na areia, um rastro de alguém que passou, uma onda que chega
para tudo apagar. E no castelo ali construído, ali nos grãos de areia molhados,
o tudo que é para não ser mais.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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