*Rangel Alves da Costa
Rio Velho, Velho Chico... São Francisco, o
santo, andejava pelos campos conversando com a natureza, tecendo sermões de
amor e fraternidade, fazendo votos de pobreza material e de riqueza espiritual.
São Francisco, o rio, percorre os caminhos nordestinos e sertanejos, vai
alargando seu passo entre serras e montes, deitando em cada pedaço de margem
sua benção a um povo que praticamente nasceu de suas entranhas. O santo e o se
comungam assim: pelos diálogos e afetos com a natureza e povo. E a mesma Oração
de São Francisco, transformada segundo os desejos do coração, serviria para os
dois: “Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ribeirinho, que
eu leve o esperança. Onde houver miséria, que eu leve o pão. Onde houver
desalento, que eu leve a alegria. Onde houver ameaça, que eu leve a força da
luta. Onde houver devastação humana, que eu leve o renascimento da natureza.
Onde houver abandono, que eu leve a presença e o abraço. Onde houver uma triste
canoa, que eu leve um sopro de vida boa. Onde houver um ribeirinho, que eu
esteja presente. Ó mestre, fazei que eu procure mais amar o rio e o seu, do que
apenas chegar onde está o rio e o seu povo. Compreender a natureza e
respeitá-la como a mim mesmo. Ser um do rio mesmo sem ser ribeirinho. Doar-me,
de corpo e alma, viver a vida ribeira nas minhas entranhas. Pois, é se doando
que se recebe É venerando que se mostra o respeito. E nunca deixar o rio
morrer, e que vida viva tenha para o sempre eterno”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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