SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 13 de junho de 2020

Narciso e eu (Poesia)



Narciso e eu


Vejo Narciso sentado à beira do lago
e vejo sua face de contentamento
pela sua beleza refletida no espelho d’água
e depois se lançar para beijar a si mesmo

e perante tão triste e angustiante cena
eu me lanço voraz nas águas do lago
para salvar os dois Narciso ali imersos
Narciso de tanta beleza e seu belo reflexo

nenhum dos dois eu consegui salvar
mas creio que os dois estejam salvos
pois ao me afastar do lago e olhar atrás
sobre o espelho d’água avistei a beleza

então retornei e um Narciso estava ali
para depois se dispersar entre as vagas
e o meu reflexo surgir belo nas águas
a me chamar ao amor por mim mesmo

mas não sou belo e nem sou Narciso
tirei do bolso uma velha fotografia e beijei
eu estava nela ainda tão jovem e bonito
e passei a mão pelas rugas assim que afastei.

Rangel Alves da Costa


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