*Rangel Alves da Costa
Toda semana a viúva Leocádia botava dois
contos de réis na mão de Jureminha. Velha fogosa, metida a gostar de molecote,
então resolveu investir no maior raparigueiro da região. Toda vez que chamava o
mulherengo para entregar a encomenda, logo ia dizendo: “Tome aqui esse dinheiro
pra você comprar brilhantina e alfazema, mas pode ter mais. E compre daquela alfazema.
Quero sentir o cheirinho bom. Quer?”. Jureminha, esperto todo, já sabia qual a
intenção da viúva. Um dia, num desses chamados para o vintém, então ele
resolveu aprontar. Quando a viúva perguntou se queria mais, prontamente ele
respondeu que sim. Surpreendida e tremelicante, cheia de remelexos e
insinuações, disse o que ele tinha de fazer: “Meia-noite a porta dos fundos vai
estar aberta. Você entre que vou lhe dar um negocinho a mais”. Jureminha deixou
tudo acertado, mas disse que precisava comprar uma calça nova e por isso era
bom que ela adiantasse o dinheiro. O dinheiro da calça e mais uns cinco contos
por fora. A viúva nem relutou muito, pois correu debaixo do colchão e
providenciou e encomenda, já graúda. Colocou nas mãos do safado, mas antes
alertou: “Não se esqueça. À meia-noite basta empurrar a porta. As luzes estarão
apagadas e meu quarto é logo ali”. Jureminha saiu quase correndo. Foi num bar
tomar uma relepada e encontrou quem tanto esperava encontrar para o momento e a
ocasião. Era Tiburcinho, um donzelão que sonhava em deitar com qualquer uma.
Quando ouviu a proposta de Jureminha chega palpitou o coração. Quando Jureminha
colocou dois contos na mão e disse como devia fazer, então ele palpitou mais
ainda. A verdade é que à meia-noite Jureminha estava nos braços de Tetinha
Língua de Mel, enquanto Tiburcinho só faltava chorar de arrependimento nos
braços da viúva. Tudo escuro, mas ele se imaginava afuganhado por uma coisa do
outro mundo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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