*Rangel Alves da Costa
Oi de casa! Eu tenho que tirar os chinelos
pra entrar em sua casa. Não me dá bom dia, não me serve um café. Em sua casa, e
perante o seu reinado, eu falo apenas o que já vai escrito e ensaiado na voz.
Mais nada posso dizer. E nem sei se você ouve o que digo. Mas depois de sua
casa, quando o mundo me dá importância, então eu reencontro os amigos. Eu
reencontro as veredas matutas, os areais da estrada, os beirais floridos de
flores de cacto. E quando vou além da porteira, logo avisto as portas e as
janelas abertas. Quem chegar será recebido com tudo o que leve consigo, com
suor e cansaço, com alpercatas sujas do barro da terra, com as roupas
empoeiradas. E então vai ouvir um cantar passarinho, um mugido pelo pasto, um
rosnar vindo de qualquer lugar. Borboletas passeiam, folhagens barulham
querendo voar, o vento vem com uma bela canção. E você se encanta com tudo
isso. Ora, mas apenas uma velha casa de barro e um mundo sertanejo ao redor.
Mas eis a diferença: um mundo que você se reconhece naquilo que você é.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário