*Rangel Alves da Costa
Eu gosto de porteiras e cancelas, gosto de
chegadas e idas, gosto de seguir adiante. Gosto de dizer que estou, gosto de
dizer que cheguei, gosto de meu olhar estender. Gosto de bater à porta, de
dizer bom dia, de sentar em tamborete e de prosear. Gosto de falar a terra, de
ouvir o chão, de deixar a palavrar ruminar e cacarejar. Gosto de olhar ao lado
e sentir o barro, a canção das folhagens, do sorriso dos campos e descampados,
do quintal que se alonga pelas entranhas do mato. Gosto do cheiro de café, do aroma
do toucinho e da tripa de porco chiando na velha frigideira. O gado mugindo, a
galinha ciscando, o velho carro-de-bois no sombreado do umbuzeiro. Uma
estradinha, uma vereda, um chão. Algo assim chamado sertão. De cristaleira
antiga, de relíquias de fé, de santos na parede de barro, de mão de pilão. Ah
como eu gosto de um mundo assim. Mas somente possível se houver estrada, se
houver porteira, se houver cancela...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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