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quinta-feira, 25 de junho de 2020

Palavra Solta – Jureminha no confessionário



*Rangel Alves da Costa


Jureminha se envolvia em cada caso de dar nó em pingo d’água e fazer vento de repente frear. Certo dia, todo apressado, entrou na sacristia de supetão, já que a porta esquecidamente estava aberta, e flagrou o padre Rozildo, de costas, em situação melindrosa. O vigário não percebeu, mas Jureminha viu uma calcinha rendada e vermelha enquanto a batina era baixada. Viu e ficou calado. O padre sequer havia imaginado que o safado havia avistado sua intimidade mais espantosa. Depois de entregar uma encomenda e sair, pela rua Jureminha ria de se acabar, prometendo que ainda naquela tarde aprontaria uma com o padre Rozildo. Dito e feito. Ao entardecer, antes da missa, lá estava ele em pé diante do confessionário. “O que te traz aqui filho, algum pecado que quer confessar?”. Foi a pergunta do padre. Jureminha disse que não, mas precisava muito fazer uma pergunta que lhe estava atazanando o juízo. E perguntou: “Padre, qual pecado comete um homem que, ao invés de roupa debaixo masculina, veste calcinha vermelha rendada?”. Dentro do confessionário, ao ouvir tal pergunta, o vigário começou a tremelicar, a suar, a ficar sem palavras. “Responda, padre...”. Insistiu Jureminha. Enfim, surgiu uma voz: “Quem foi este homem que vestia calcinha de mulher?”. Então o mundo quase acaba quando o safado do Jureminha atacou de vez: “O senhor, padre Rozildo, que tanto prega em sermão contra rapariga, viado e muito mais, tem coragem de provar o que está usando aí debaixo dessa batina?”. Ouviu-se um baque. O padre havia desmaiado. Naquele dia não houve missa. E de vez em quando Jureminha botava graúdo no bolso pra ficar de boca fechada.


Escritor
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