*Rangel Alves da Costa
Jureminha se envolvia em cada caso de dar nó
em pingo d’água e fazer vento de repente frear. Certo dia, todo apressado,
entrou na sacristia de supetão, já que a porta esquecidamente estava aberta, e
flagrou o padre Rozildo, de costas, em situação melindrosa. O vigário não
percebeu, mas Jureminha viu uma calcinha rendada e vermelha enquanto a batina
era baixada. Viu e ficou calado. O padre sequer havia imaginado que o safado
havia avistado sua intimidade mais espantosa. Depois de entregar uma encomenda
e sair, pela rua Jureminha ria de se acabar, prometendo que ainda naquela tarde
aprontaria uma com o padre Rozildo. Dito e feito. Ao entardecer, antes da
missa, lá estava ele em pé diante do confessionário. “O que te traz aqui filho,
algum pecado que quer confessar?”. Foi a pergunta do padre. Jureminha disse que
não, mas precisava muito fazer uma pergunta que lhe estava atazanando o juízo.
E perguntou: “Padre, qual pecado comete um homem que, ao invés de roupa debaixo
masculina, veste calcinha vermelha rendada?”. Dentro do confessionário, ao
ouvir tal pergunta, o vigário começou a tremelicar, a suar, a ficar sem
palavras. “Responda, padre...”. Insistiu Jureminha. Enfim, surgiu uma voz: “Quem
foi este homem que vestia calcinha de mulher?”. Então o mundo quase acaba
quando o safado do Jureminha atacou de vez: “O senhor, padre Rozildo, que tanto
prega em sermão contra rapariga, viado e muito mais, tem coragem de provar o
que está usando aí debaixo dessa batina?”. Ouviu-se um baque. O padre havia
desmaiado. Naquele dia não houve missa. E de vez em quando Jureminha botava
graúdo no bolso pra ficar de boca fechada.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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