*Rangel Alves da Costa
Sorrisos... Tenho tão poucos sorrisos, que
quando sorrio alguns permanecem guardados por dentro. Não sorrio por situações
de instantes, por momentos alegres que possam surgir, eis que o meu sorriso é
como uma moldura expressando realidades maiores. O sertão chuvoso me faz
sorrir. O povo desapegado das esmolas políticas me faz sorrir. A feira feita e
o prato guarnecido na mesa me fazem sorrir. A luta e a sobrevivência do
Memorial me fazem sorrir. Escrever e ter livros publicados me faz sorrir. Ter
bons amigos de andanças e proseados me fazem sorrir. Ter saúde e acordar para o
novo dia me faz sorrir. Relembrar lábios e beijos, braços e abraços, dengos e
cafunés, tudo isso me faz sorrir. Ter a certeza e o orgulho de ter nascido em
Poço Redondo e ser visto e reconhecido como sertanejo, tudo me faz sorrir. Ter
nascido filho de Dona Peta e Alcino me faz sorrir de contentamento. Muita coisa
mais me faz sorrir. Contudo, gestos alegres e gracejantes, em instantes, e de
apenas aqueles instantes, não são sorrisos. Na verdade, muitas vezes, para não
chorar a gente acaba sorrindo. E é tanta maluquice na vida que a gente
encontra, que só dá mesmo vontade de chorar, chorar, chorar... Mas acaba
sorrindo. Sorriso entristecido, mas sorriso.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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