SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 21 de abril de 2016

Palavra Solta - o dia do dia


*Rangel Alves da Costa


O dia do dia, como será? É um só dia, com o mesmo tempo, o mesmo relógio, mas com feições diferentes. Contudo, também dorme, adormece, levanta, luta, se cansa e repousa. As pessoas utilizam o dia como desejam, mas ele próprio, o dia, é metódico demais e rotineiro. Ele sabe o tempo de anoitecer, de ser madrugada, alvorecer, manhã, claridade, vermelhidão e penumbra. Também se encanta com o primeiro cantar do galo, se alegra com a primeira alva que vai surgindo no horizonte, faz festa com os sons da natureza e os cantos passarinheiros. Gosta de café ao despertar e passear pelos campos ao amanhecer. Começa a sentir o chamado à luta toda vez que o sol se faz mais forte e tudo se abre em cores de cobre e de ferro. E vai passando o seu tempo ouvindo o relógio de ponto, o apito do trem, a buzina, o ronco do motor, a voz em algazarra, o barulho ensurdecer. Gosta quando os ânimos vão refreando e o entardecendo vai chegando. Gosta do pôr do sol, de sua cor e de sua poesia. Faz versos de saudades e despedidas e se prepara para a pouca luz. Recolhe-se porque também se cansa. E cansado repousa. E sonha. E levanta para o novo amanhecer. Assim o dia do dia. O mesmo, sempre. Cabe à pessoa aproveitá-lo instante a instante.


Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

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