*Rangel Alves da Costa
O cangaço é tema dos mais discutidos, estudos,
debatidos. Cheio de indagações, insinuações e invencionices, não deixa de ser atraente
como tema de estudo e de conhecimento da história nordestina, e também
brasileira. Contudo, ao redor do cangaço circunda um mundo de mentiras, de
absurdos, de coisas sem pé nem cabeça. Testemunhos partindo de ex-cangaceiros,
ex-policiais da volante, ex-comandantes de tropas, ex-coiteiros, ex-coronéis
nordestinos, velhos sertanejos e muitos daqueles que juraram por tudo na vida
ser verdade os seus relatos e testemunhos. Contudo, na grande maioria tudo
mentira. Ex-cangaceiro puxando a sardinha pra seu prato, ex-comandante querendo
dar uma de valente, ex-coiteiro dizendo aquilo que nunca viu. O falso
testemunho, e acreditado porque partido de pessoa supostamente acima de
qualquer suspeita, acabou colocando um cangaço em verdadeiro descrédito. Ora,
mas um contou de forma diferente o mesmo fato. Outro já conta a mesma história
toda enviesada. Afinal, onde está a verdade? Difícil saber, e daí que a maioria
dos escritos sobre o cangaço estar cheia de inverdades. Para dissipar - ou
fazer uma síntese compreensiva - do cangaço e seus fatos, não há outro meio
senão de cotejar supostas verdades e, mesmo que não se chegue ao fato real, alcançar
algo em que se possa acreditar. Mas sempre com a certeza de que seus achados e
conclusões são provisórios.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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