*Rangel Alves da Costa
Vou-me embora pra Pasárgada. E o caminho quem
me ensonou foi Manoel Bandeira, o poeta. Não adianta permanecer, ficar,
insistir na mesmice. Ora, aqui nada acontece de novo, ou quando acontece diz
respeito a fatos velhos e requentados. Ódios políticos, fanatismos políticos,
ideologias sangrentas, justiça fazendo injustiça, governanças destemperadas,
brincadeiras de governar. Chega! A corrupção valendo a pena, condenação que não
se condena, endeusamentos de lamaçais, santificações de ídolos da ladroeira.
Chega! Redes sociais apontando armas, armas em cada palavra e cada gesto. A
descrença em tudo, a certeza de que o fim já chegou. Ora, a humanidade já
caminhou e parece já ter encontrado seu destino: o fim. A droga é normalidade,
a prostituição é bonita, a derrocada da vida como algo comum. Os cabarés
fechados. Que pena! Cortes judiciais que são cabarés, gabinetes que são
bordéis, poderes que são prostíbulos, parlamentos que são desavergonhadas
imundícies. Não, aqui não fico mais não. Vou-me embora pra Pasárgada, por lá só
amigo do rei, lá tenho a mulher que quero na cama que escolherei...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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