*Rangel Alves da Costa
Ontem eu sentei num alpendre e por riba de um
tamborete. Bebi a água de pote e em caneco de alumínio. Comi doce de leite em
bola e um pedaço de bolo de leite. E conversei com Seu Zequinha o proseado
melhor do mundo. E eu estava num paraíso. Casinha de barro e cipó, porta e janela
à frente. Um velho umbuzeiro na malhada e um cachorro sempre catando o que
fazer. Quando cheguei à porteira, gritei anunciando a chegada. De lá de dentro,
apenas ouvi a voz que podia chegar mais. Nem precisei bater à porta. Logo Seu
Zequinha se apresentou com sorriso no seu jeito meio escondido de sorrir e logo
estendeu sua mão. Mão dura, envelhecida, carcomida da luta, lanhada da lida e
dos espinhos cortantes sertões adentro. Mas que mão macia de ser cumprimentada,
respeitada e admirada. Ali naquela mão a caneta da sabedoria matuta, naquele
olhar o livro sabedoria do conhecimento do mundo. E naquela palavra as lições
que nenhum livro acadêmico é capaz de repassar. Quando Seu Zequinha mostrou-me
o tamborete e pediu pra sentar eu já sabia: em cada palavra uma lição, e todo o
aprendizado daquele mundo sertão!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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