*Rangel Alves da Costa
Depois da chuva tudo muda, tudo se transforma.
O que antes era molhado, verdoso, vistoso, aos poucos vai tomando outra cor,
outra desalentada tonalidade. A fonte começa a secar, o tanque começa a mostrar
o seu barro, a planta resseca e o arvoredo vai perdendo sua pujança de folhas.
O bicho já não passeia em jardim já não bebe com facilidade, já não repousa à
sombra boa. O sol começa a descer em clarão, suas chamas soltam labaredas de
fogo, seu braseiro parece a tudo querer incendiar. Um tempo difícil que se
aproxima. Tempo de dor, de sofrimento, de agonia. O homem da terra olha
desalentado aos horizontes. Nenhuma nuvem de chuva é avistada. Rogar para que
chegue o tempo dos trovões, dos relâmpagos, das trovoadas. A sertaneja faz
promessas, com mais persistência começa a passar o rosário de contas sobre os
seus dedos. Mas todos sabem que tudo no tempo de Deus, tudo em obediência aos
ciclos da natureza. Nada resta senão esperar. Como no Livro do Eclesiastes,
depois da chuva virá o sol, depois do sol os pingos novamente caindo. Só resta
esperar que a página do tempo seja virada e a escrita da sina comece, ainda que
por tempo marcado, novamente a florir sobre a terra.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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