*Rangel Alves da Costa
A gente nunca sabe a realidade que está por
trás ou além da fotografia. Melhor assim. A gente sequer imagina o que se
esconde atrás de tanto amor fotografado, postado e escrito quase assim: “Vejam
como somos felizes, como nos amamos, como nascemos um para o outro!”. Ora, a
pessoa posta o que quiser, mas sabemos que a fotografia bonita, com beijos e
abraços, com declarações amorosas, nem sempre – ou nuca - refletem a realidade.
Na foto o amor é imenso, é indestrutível, é a coisa mais linda do mundo. Mas
será que é assim mesmo? Vivemos de conflitos, de estágios, de mudanças, e tais
transformações afetam a vida, a profissão, o amor, tudo. Não estamos sempre
bem. Não amamos sempre com o mesmo amor demonstrado na fotografia. Não somos
sempre aqueles amantes de floreadas molduras. Somos de carne, de ossos, de
suores, de sacrifícios, de alegrias, de dores e aflições. Somos angústia. Ou
somos apenas felizes? Não. Não somos apenas felizes. Daí que a foto pode ser
bonita, nela até demonstrar um Romeu e uma Julieta. Mas apenas retratos,
instantes, momentos. Também choramos, também sofremos, também reconhecemos que
não somos tão felizes como desejamos. Somos o dia a dia, somos uma guerra entre
o sim e o não, somos muito além da fotografia. Existe amor sim, mas não
revelado em sua verdade. O amor da mera suportabilidade e da aparência também
pode ser fotografado.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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