*Rangel Alves da Costa
Minhas roupas velhas são as que mais gosto.
Compro roupa nova, mas vou deixando de lado e sem querer usar. Ah que mundo de
estranheza! Roupa nova é como coisa estranha e nova, que tanto faz espantar
como temer. Por isso gosto de roupa velha, ainda que já bem velha, ainda que
carcomida, ainda que se rasgando inteira. Ah quanta estranheza naquilo que
ainda não conhecemos. Difícil demais o convívio até que nos acostumemos com a
novidade. Mas com roupa velha não. Com a roupa velha é bem diferente. A roupa
velha parece o nosso corpo em pano. A roupa velha se amolda de tal forma que
nos sentimos em pleno estado de conforto. A roupa velha esquenta, acaricia,
afaga, tem o nosso cheiro e o nosso suor. Pela roupa um amor tão grande que
chego a temer não avistá-la mais no cantinho do guarda-roupa. E ter de dizer,
assim como fez o menino Zezé em “Meu Pé de Laranja Lima”: Já faz uma semana que
minhas mãos, meus braços, meu corpo, voaram do varal!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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