*Rangel Alves da Costa
O mal atormenta. A dor causada pela maldade
parece não querer curar. O mal vai se alastrando, vai fazendo sofrer, vai
corroendo, vai dilacerando. Mas nada dura o tempo todo. E assim também com o
mal contra o praticado. Como em lição do Eclesiastes, há o tempo do fel e o
tempo do mel, há o tempo da dor e da cura. Tudo, porém, como sagrada obra, como
tormento desfeito por forças superiores. Depois da maldade sofrida e da aflição
suportada, tudo vai disseminando em feições outras. O coração já não se
atormenta tanto, a mente já não se prende ao punhal que lhe foi desferido, o
espírito vai saindo dos negrumes e dos labirintos e vai reencontrando um brilho
de sol. E de repente, tudo já passado, tudo já esquecido, tudo em ânimo novo à
vida e ao viver. Tudo vai se dissolvendo e onde o mal se alastrava a paz começa
a reinar. Mas não assim a quem faz o mal, a quem praticou a maldade. Neste, o
prazer sentido pelo mal praticado vai se revertendo em doloroso sofrimento. Contínuo,
duradouro, ainda mais angustiante que o arrependimento e a queda. E se
alastrando vai até colocar o maldoso à beira do abismo. E enfim, mostrar-lhe o
caminho de quem faz o mal pelo prazer da maldade.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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