*Rangel Alves da Costa
Joaninha é rezadeira. Totonha é só de
tristeza e solidão. Dagmar vive a debulhar feijões e sonhos. Tibúrcia faz da
lavagem de roupas um ganho de sobrevivência. Constância vive esmolando à porta
da igreja. Sonete fez vida a vida inteira e ainda faz, acaso encontre alguém
que lhe pague tostão por um corpo velho. Tizinha foi fateira, depois vendedora
em feira. Sílvia, moça bonita, toda jeitosa, trabalha vendendo perfumes e
bijuterias de porta em porta. Ronete está desempregada e cheia de dívidas pra
pagar. Cezarina faz doces e bolos pra vender, e com freguesia certa. Bastiana,
mesmo já envelhecida, ainda pega no cabo de enxada e ajuda seu esposo na roça.
Delurdes entregou-se à beatice que quase não sai mais da igreja. Carminha só
leva a vida falando da vida dos outros, sendo até reconhecida e comentada como
a maior fofoqueira do mundo. Carmosa vive aos prantos desde que o marido bateu
as botas, mas dizem que, às escondidas e toda pintada, não perde um forró de
jeito nenhum. Consuelo ainda faz renda de bilros e outras artes. Suzete é
apenas donas de casa, enquanto Mariazinha nem casa tem. Assim são as vidas, o
mundo, e o mundo das mulheres em suas mais diversas feições.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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