SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 8 de março de 2020

Palavra Solta – mulheres



*Rangel Alves da Costa


Joaninha é rezadeira. Totonha é só de tristeza e solidão. Dagmar vive a debulhar feijões e sonhos. Tibúrcia faz da lavagem de roupas um ganho de sobrevivência. Constância vive esmolando à porta da igreja. Sonete fez vida a vida inteira e ainda faz, acaso encontre alguém que lhe pague tostão por um corpo velho. Tizinha foi fateira, depois vendedora em feira. Sílvia, moça bonita, toda jeitosa, trabalha vendendo perfumes e bijuterias de porta em porta. Ronete está desempregada e cheia de dívidas pra pagar. Cezarina faz doces e bolos pra vender, e com freguesia certa. Bastiana, mesmo já envelhecida, ainda pega no cabo de enxada e ajuda seu esposo na roça. Delurdes entregou-se à beatice que quase não sai mais da igreja. Carminha só leva a vida falando da vida dos outros, sendo até reconhecida e comentada como a maior fofoqueira do mundo. Carmosa vive aos prantos desde que o marido bateu as botas, mas dizem que, às escondidas e toda pintada, não perde um forró de jeito nenhum. Consuelo ainda faz renda de bilros e outras artes. Suzete é apenas donas de casa, enquanto Mariazinha nem casa tem. Assim são as vidas, o mundo, e o mundo das mulheres em suas mais diversas feições.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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