*Rangel Alves da Costa
A partir de 1930, foi Maria Déa, depois
conhecida como Maria Bonita, que abriu as portas para a mulher no cangaço.
Antes disse, não se cogitava sua presença percorrendo os sertões ao lado de
homens principalmente pelo fato de que não tinham o vigor físico masculino para
suportar tantas agruras. Mas como Lampião levou a baiana para o bando, daí em
diante já não se podia impedir que os demais cangaceiros também tivessem suas
companheiras. E assim, aos poucos, muitas mocinhas, algumas ainda meninotas,
foram chegando. Muitas vezes, não por desejo próprio, mas por deliberada do
cangaceiro para levá-la em sua companhia. As ameaças eram os meios mais homens.
Mas outras vezes, era o poder sedutor do cangaceiro que acabava atraindo as
jovens mocinhas. Uma vez no bando, carregavam armas como proteção, mas
evitava-se que participassem das batalhas. Havia um código de conduta que não
admitia traição, ainda assim diversas foram as traições e as mortes como
consequência. Algumas bordavam embornais, outras apenas ajudavam nos afazeres
do bando. O preparo de comida era compartilhado entre homens e mulheres. Os
partos eram geralmente feitos no mato e as crianças nascidas entregues a
famílias para os cuidados de criação. O sexo era debaixo da lua, nas tendas ou
nos escondidos do mato. Mas quase vestidos. Pela proximidade, temeroso era que
a nudez completa fosse perigosa demais no caso de um repentino ataque. E assim
por diante, e muito mais.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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