*Rangel Alves da Costa
Tenho agora à mão uma fotografia. Dois filhos
de Poço Redondo, no sertão sergipano, e dois filhos de Serra Negra (Pedro
Alexandre), no sertão baiano. Fotografia em Curralinho do Velho Chico, nas
barrancas poço-redondenses e ribeirinhas de histórias e correntezas, aonde um
dia a carranca despontou para os maus espíritos das águas afastar, e aonde
aportou chata e canoa de tolda, barco grande e miudinha canoa, pedindo licença
ao nego d’água para os amigos se sentarem para causos e proseados. E que
amizade longa, profunda, distante e de tão pertinho do coração. Poço Redondo e
Serra Negra. Serra Negra e Poço Redondo. Duas povoações sertanejas em estados
diferentes, mas de um só cordão umbilical, de uma mesma raiz e de uma mesma, a
mãe-terra sertaneja. Dizem que Poço Redondo e Serra Negra são até irmãos
gêmeos, nascidos separados apenas pelo fato de que a parteira do destino assim
quis. Mas são irmãos sim, e de profunda e fraternal afeição. Ademais, nunca
houve irmãos mais unidos que Poço Redondo e Serra Negra. Desde os tempos idos
que um se assenta no berço do outro. Desde os tempos mais distantes que a porta
da casa poço-redondense é a mesma porta da casa serra-negrense. Naqueles idos,
quem era de Poço era também do alto e do pé do da Serra. Um só caminho e um só
povo que hoje se entrelaça com outros nomes: Zé Maria, Orlando da Serra Negra,
Belarmino, Rangel. Todos de Poço Redondo. E todos de Serra Negra.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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