*Rangel Alves da Costa
As ruas estão tomadas de jovens entregando
panfletos, gritando nome de serviços e ofertando todas as formas de empréstimos.
Mais de vinte a cada quarteirão. Ante o desemprego assustador, uma forma de
ganhar algum trocado. Mas não sei o que passa pela cabeça do jovem enquanto
fica o dia inteiro entregando papel na mão de um e de outro. Sacrifício danado,
principalmente porque a maioria das pessoas sequer aceita receber o panfleto.
Outro dia, parado numa esquina por instante, então ouvi uma mocinha dizendo a
outra na mesma função: “Tá vendo, o povo passa pela gente e trata como cachorro!”.
E logo a outra respondeu: “Era melhor a gente andar com os panfletos numa mão e
na outra uma lixeira. Ninguém sequer olha o que está escrito no papel. Mas
também, essa coisa de empréstimo no cartão de crédito não é coisa que todo mundo
aceite. Aliás, todo mundo é desconfiado com isso. Até eu!”. Assim acontece.
Contudo, eu já presenciei uma situação mista de melancólica e engraçada. Um
jovem tentava a todo custo que as pessoas aceitassem seus panfletos, mas sem
êxito alguma. Então, de repente, ele olhou para os lados, encaminhou-se até uma
lixeira e despejou tudo. Depois foi embora sem olhar pra trás. E talvez
contente por ter se desapossado daquele fardo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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