*Rangel Alves da Costa
A noite está fria, e de frio intenso,
profundo. E estou sem ela. E nada invento para aumentar a temperatura do corpo.
Não quero café. Não quero uísque. Não quero vinho. Não quero lareira acesa. Não
quer portas e janelas trancadas. Não quero casaco de frio nem cobertor que
esquente. Nada disso eu quero. Na memória, na recordação, na vontade de ter,
apenas a saudade dela. Seu abraço, sua presença, seu afago, o fogo, o fogo. Sua
pele sobre a minha, o seu corpo sobre o meu, seus braços entrelaçados nos meus,
seu abraço me tomando, o fogo, o fogo. Bastaria sua presença e a fogueira
estaria acesa. Bastaria que estivesse ao meu lado e as chamas fulgurariam em nós.
Bastaria estar pertinho e toda a frieza se dissiparia de vez. E agora trêmulo,
como se na neve lançado, estendo o meu corpo gélido como em águas de icebergs.
E gemo, e sofro, e padeço pelo frio cortante da ausência e da distância. E eu
que queria apenas o fogo, o fogo, o fogo: ela.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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