*Rangel Alves da Costa
Dois velhos: um velho e uma velha. O velho
dizia: “Frosina, certamente o tempo passou, mas o amor que eu sinto por você
não...”. A velha dizia: “Cirineu, meu Cirineu, a gente só somou o amor que um
sente pelo outro. Hoje, juro por Deus, nem precisa mais dizer que ama. Venho
colhendo a cada dia, ano após ano, Cirineu...”. E o velho dizia: “Você meninota
e eu meninote. Depois você saiu da janela e me deu a mão. Nunca olhei pra trás
nem do lado, pois sabia que o meu destino era seguir adiante, e sempre ao seu
lado...”. E a velha dizia: “Dividimos o copo d’água, repartimos o pão,
adormecemos sempre debaixo do mesmo cobertor. E o sol, quando entra pela
janela, sempre pareceu brilhar só pra gente...”. O velho dizia: “Mas o tempo,
hein Frosina?”. A velha dizia: “Não pense no tempo Cirineu, deixe o tempo
passar. O meu calendário é a sua presença. Sei que qualquer dia vai soprar a
ventania na folha seca. Será o outono em nós, mas já vivemos todas as
primaveras do mundo, já fomos flores, já fomos borboletas sobre o jardim. Que
bom como florescemos a cada instante, mas sabemos apenas da eternidade do amor,
e não da vida...”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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