*Rangel Alves da Costa
Na noite de ontem eu atravessei a noite sem
adormecer. Quando dei por mim, a manhã já estava gritando à janela. Mas tudo
fiz para adormecer. Decidi que havia um barco no telhado e que nele eu
singraria distante. Resolvi que estava numa ilha solitária e que precisava
dormir para alcançar o continente ao amanhecer. Imaginei estar cansado de uma
pajelança numa tribo amazônica e que, por isso mesmo, bastaria deitar e dormir.
Forcei o pensamento para voar, e voar cada vez mais alto, para depois pousar e
repousar num ninho aconchegante. Mas nada disso surtiu efeito. Então comecei a
pensar nela, a ter à minha frente seu retrato, e ela assim tão bela. Lembrei-me
dos beijos, dos abraços, das carícias, dos carinhos, das meiguices e dos
cafunés. A saudade me veio tão forte que surtiu um efeito totalmente contrário,
pois comecei a chorar. Chorei e mais chorei. Quando o sol despontou certamente
que eu navegava, mas de olhos naufragados pela tristeza e dor. Então levantei
para esquecer a noite de ontem. Mas já é noite. E temo. E não sei...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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