*Rangel Alves da Costa
A polícia bateu à porta e logo gritando: “Abra
a porta e teje preso!”. Do lado de dentro, uma voz se ouviu: “Eu preso? Tô não.
Tejo preso não!...”. A polícia então aumentou o tom: “Tá desafiando a lei, seu
cabra? Teje preso sim!”. “Tô não. Tejo preso não. Inté pruquê nada fiz pra ser
preso. O que fiz, pode dizer?”. A resposta foi imediata: “Uma grave suspeita,
mas que a autoridade decidiu que teje preso. Então teje preso!”. E lá de
dentro: “Entonce tá bom, mai num tejo preso não. Primeiro me diga o que fiz de
errado. Vá, diga!”. “Deixe de conversar e abra essa porta, sob pena dela ser
derrubada!”. “Entonce derrube, mai num tejo preso não. Derrube mermo pruquê já
tá em tempo de trocar ela que tá munto veinha, e se derrubar vai ter que me
pagar uma novinha em foia!”. “Conversando lorota, seu cabra, abra logo essa
porta!”. E o outro dizendo: “Engraçado. Munto engraçado. Eu num fiz nada e
vosmicê vem com teje preso. Pruquê num vai dizer assim em Brasília e prender
meio mundo de gente. Que eu saiba, é lá que tem ladrão e bandido feito a peste.
Pruquê num vai dizer teje preso ao dotô delegado que num paga pensão alimentiça
pro seu bando de meninote que tem por aí. Hein?”. Então a polícia perdeu as
estribeiras: “O que disse do delegado, repita!”. E o desaforado não deixou
barato: “Repito tudim. E me prenda mermo que quano eu tiver na frente do juiz
eu vou contar tudim o que sei do dotô delegado!”. E a palavra final da polícia:
“Teje solto!”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário