SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 13 de outubro de 2019

Palavra Solta - a guerra dos Vito, um valei-me e um deus nos acuda!



*Rangel Alves da Costa


Tudo começou durante uma tocada de pífanos defronte ao Memorial Alcino Alves Costa. Um primo que tocava flauta reclamou do outro que tocava taboca. Geno Vito intercedeu pedindo que deixassem pra lá, mas não teve jeito. Mas foi quando um primo chamou o outro de feio que tudo desandou mesmo. “Feio é você, seu peloco de anum”, respondeu. “E você, que se parece com um peba de cemitério?”, veio na ponta da língua. Mané Vito levantou na hora e exigiu respeito. Mas os primos não estavam pra paz. “Quer que eu jogue uma pedra em você, seu carcará de seca braba!”, disse o da taboca. Já o da flauta arremeteu: “Lhe dou um tabefe tão grande que amasso seu nariz de taquara”. Nessa altura, a tocada de pífanos já não tinha mais nem graça, pois a discussão entre os dois era o que chamava a atenção. De repente se levantaram num pulo e um foi avançando sobre o outro. Foi quando Geno Vito gritou: “Eita, num é assim não. Aqui exijo respeito. Se quiserem brigar desanda daqui e vão fazer besteira noutro lugar”. Mas ao invés de irem trocar tapa na rua, os dois correram pra dentro do Memorial. Já dentro, o da flauta disse pro da taboca: “Vai ver o que é um homem agora. Deixe só eu tomar uns dois copos de casca de pau...”. O outro completou: “Se vai tomar dois eu tomo três...”. “Eu tomo quatro...”. E foram encher os copos, um de costas pro outro. Depois da beberança, enfim o chamado: “Agora vamos brigar!”. “Agora não, deixe eu beber mais um tiquinho”, disse. “Entonce eu vou virar mais dois copos...”, foi a resposta dada. Nessa história, secaram um litro de quixabeira e outro de bonome. Depois partiram pra briga, cada um com uma espingarda, e dentro do Memorial. Já chegado a esse ponto, então eu gritei: “Aqui dentro nem pensar!”. Foi quando a voz de Mané Vito chegou como um grito: “Nem aqui nem em lugar nenhum, seus dois cabras safados. Guarde agora mesmo essas armas e vão catar o que fazer!”. E exigiu que os dois fizessem as pazes naquele mesmo momento. A paz foi selada e a celebração se deu com mais um litro de cidreira e outro de aroeira. Quer dizer, os outros brigam, seguram em armas, mas o prejuízo sobrou mesmo para o Memorial: Quatro litros de casca de pau esvaziados!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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