*Rangel Alves da Costa
Um dia eu sentei nos beirais molhados do
Velho Chico em Curralinho, e no silêncio e na solidão que eu estava sequer
imaginei como seria bom retornar outras vezes. Ali meditei, ali refleti, ali
dialoguei dentro de mim. Eu parecia distanciado e vazio, mas assim não estava.
Eu apenas estava saindo de mim para que as paisagens e os arredores conduzissem
meus pensamentos. E que bom estar assim, assim afastado das urbanas ilusões,
das falsidades do asfalto, dos egoísmos por todo lugar. E que bom conviver com momentos
assim, assim com olhos voltados às águas passando, aos meninos brincando, aos
barcos ancorados adiante. Que bom avistar a curva do rio, as águas lentamente
seguindo adiante e tudo novamente passar desse jeito, num perfeição sem pressa
e sem fuga. A vida deveria ser assim também. E agora, já passados dois anos
desse momento mágico, eu cada vez mais sinto a necessidade de retornar ao
silêncio das águas. Sinto-me cada vez tomado de saudades. Saudade do silêncio,
da paz, da reflexão, do reencontro comigo mesmo. Saudade de sentar comigo mesmo
e comigo dialogar, e a eu dizer: Procure viver mais o seu mundo e não o mundo
dilacerado dos outros!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário