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domingo, 13 de outubro de 2019

SOBRE PAREDÕES E FESTAS PARTICULARES



*Rangel Alves da Costa


O relato a seguir trata sobre uma festa de paredões (sons nas alturas em caixas acopladas) realizada na noite de ontem, sábado 12 de outubro, e que, mesmo sendo realizada em local particular, provocou inúmeros transtornos à população.
Então vamos. Ontem, ante as reclamações feitas acerca da abusividade na altura do som, incomodando a paz noturna de grande parte da população da cidade de Poço Redondo, alguém comentou que via tudo na normalidade, pois sendo uma festa particular ia quem quisesse.
As reclamações feitas (e nenhuma delas feitas por minha pessoa) não disseram respeito a nada disso. O erro de interpretação, ou proposital erro de leitura, não deve servir, no meu entendimento, para dizer que os outros podem fazer o que quiserem com paredões, com sons em altura absurda, ainda que em festa particular.
Em situação tal, tem-se como válida a afirmação de que “o seu direito termina quando começa o direito do outro”. E não se pode nem se deve abusar do direito da população. Não se trata apenas de uma festa particular e, por isso mesmo, toda abusividade possa ser cometida. E o direito do povo ao sossego noturno, e o direito do povo de não ser incomodado por horas seguidas por sons aterrorizantes, e o direito do povo ao repouso, ao descanso, à sua integridade biológica e psicológica?
Ademais, a festa foi realizada em via pública, ainda que em local particular, em meio a ruas e avenidas, a casas e moradores, e não em local afastado onde o som não ecoasse afetando tanto a população. E nestas ruas e casas, certamente que pessoas doentes, idosas, crianças de colo ou recém-nascidas, tendo de suportar os abusos cometidos.
Nos próximos eventos, que os seus promotores procurem locais mais adequados e que não interfiram tanto na paz social. O jovem pode gostar, pode delirar, pode querer mais e mais festas de paredões, mas o direito do outro deve ser sempre respeitado, considerando ainda que muita gente tem sua saúde afetada. Quem promove tais eventos certamente irá dizer que tudo foi legal e permitido pelas autoridades locais e policiais. Tudo bem.
Resta então perguntar: Por que a polícia proíbe o som de mala de carro em via pública, será que é pela altura? Por que a polícia bate à porta da pessoa que esteja ouvindo som muito alto dentro da própria casa, será por que algum vizinho se sentiu importunado? E ontem, se algum morador procurasse a polícia para pedir providências seria atendido? São quantos pesos e quantas medidas para tal questão? Mesmo que haja exceções legais, o que se deve respeitar antes de tudo é a paz social.
Sempre agirá com erro aquele que achar que por ter uma autorização, tem o direito de tirar o sossego de muitos. Será que tais organizadores de eventos colocariam, por quatro horas seguidas ou mais, durante a noite, paredões com altura absurda em frente à casa de suas digníssimas mães?
Uma última pergunta: Ministério Público onde está você? Diga, o povo quer saber.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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