*Rangel Alves da Costa
Na vitrola tocou a música mais apaixonada de
Diana: “Quanto mais eu penso em lhe deixar mais eu sinto que eu não posso, pois
eu me prendi a sua vida muito mais do que devia. Quando é noite de regresso
você briga por qualquer motivo, confesso que tenho vontade de ir pra bem longe,
pra nunca mais te ver. Ó meu amado porque brigamos, não posso mais viver assim
sempre chorando. A minha paz estou perdendo, nossa vida deve ser de alegria,
pois eu lhe amo tanto...”. Mas a paixão era tamanha que em seguida colocou a
música de José Ribeiro: “Tens a beleza da rosa, uma das flores mais formosas,
tu és a flor do meu lindo jardim e eu a quero só para mim. O teu suave perfume
às vezes causa-me ciúme, ao te beijar, sinto no coração o pulsar da mais pura
paixão. Porém, tenho medo que tua beleza de rosa se transforme num espinho,
quase morro só em pensar em perder teu carinho...”. A aflição tomava-lhe o
peito. Quando a paixão transborda, gente se transforma em lobo querendo uivar.
Amava demais e não podia perder a flor brotada em seu coração. Correu ao quarto
e se perfumou dos pés à cabeça: Charisma, Topaze, Toque de Amor, Tabu,
Promesa... Experimentou mil roupas, forçou sorrisos perante o espelho. Estava
bonita? Abriu a janela e de repente viu seu amor passar. Estremeceu dos pés à
cabeça, quase desmaia. E mais ainda quando ele se aproximou - sem antes ajeitar
os cabelos com um pequeno pente e um espelhinho de bolso - e foi diretamente à
sua janela para perguntar: “Está gostando da Festa de Agosto? Hoje tem baile no
mercado com os Dissonantes, você vai? Se for me avise, pois quero lhe tirar pra
dançar”. Pálida, sem palavras, trêmula dos pés à cabeça, ela ficou como que
fora de si. Ele deixou um sorriso esperançoso enquanto ela desabava ao chão,
num desmaio de amor. Perdeu o baile. E ele namorou outra. Assim aconteceu.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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