SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 3 de novembro de 2018

Palavra Solta – noites sem sinos



*Rangel Alves da Costa


A noite vai chegando. O sol já está espalhando seus últimos amarelos afogueados. Nos horizontes, as nuvens chamejavam seus candeeiros. Um instante de singeleza e melancolia. As saudades e os afetos mais profundos gostam de instantes assim. Contudo, um pouco mais adiante, já perto da boca da noite, sei que os sinos da igrejinha estarão silenciados. Antigamente, quando a religiosidade era mais pujante, a hora da Ave Maria sempre vinha acompanhada do bradar de sinos. Hora das orações, das preces, das velas acesas, das devoções, dos joelhos dobrados perante os altares, dos terços e dos rosários, das palavras e dos sussurros com Deus e com os santos e anjos. Entristeço por não ouvir os sinos. Fazem parte de minha história, da minha vida, dos meus sentimentos. Sou fé, sou de fé. E talvez por isso mesmo já me preparo para tocar, eu mesmo e dentro de mim, os sinos noturnos de minha igreja. Eles bradarão, eles bradarão. E os anjos, os santos e o meu Deus estarão ainda mais perto de mim. E direi: Obrigado por tudo Senhor!


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

Nenhum comentário: