*Rangel Alves da Costa
A noite vai chegando. O sol já está
espalhando seus últimos amarelos afogueados. Nos horizontes, as nuvens
chamejavam seus candeeiros. Um instante de singeleza e melancolia. As saudades
e os afetos mais profundos gostam de instantes assim. Contudo, um pouco mais
adiante, já perto da boca da noite, sei que os sinos da igrejinha estarão
silenciados. Antigamente, quando a religiosidade era mais pujante, a hora da
Ave Maria sempre vinha acompanhada do bradar de sinos. Hora das orações, das
preces, das velas acesas, das devoções, dos joelhos dobrados perante os
altares, dos terços e dos rosários, das palavras e dos sussurros com Deus e com
os santos e anjos. Entristeço por não ouvir os sinos. Fazem parte de minha
história, da minha vida, dos meus sentimentos. Sou fé, sou de fé. E talvez por
isso mesmo já me preparo para tocar, eu mesmo e dentro de mim, os sinos
noturnos de minha igreja. Eles bradarão, eles bradarão. E os anjos, os santos e
o meu Deus estarão ainda mais perto de mim. E direi: Obrigado por tudo Senhor!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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