*Rangel Alves da Costa
Eu ia caminhar pelo mato, armar arapuca ou
catar araçá, e achava tudo imensamente belo naquele meu mundo-sertão. Eu andava
ao redor dos monturos em busca de ponta de vaca para minha fazenda de canto de
quintal, e achava tudo imensamente belo naquele meu mundo-sertão. Eu caminhava
nas vizinhanças dos quintais para avistar fruta madura dentro dos cercados dos
outros e de repente eu me deparava com as velhas senhoras estendendo roupas nos
varais e achava tudo imensamente belo naquele meu mundo-sertão. Hoje já não há
mato nem caatinga, não há monturos sem lixeiras, não há mais quintais de cercas
nem varais de roupas que esvoaçavam feito asas soltas. Por onde caminho, eis
que encontro somente a devastação na mataria. Por onde ando encontro apenas o
lixo se espalhando por todo lugar. E avisto apenas o muro. Esse muro que
esconde a vida desde a porta da frente até o caco de vidro fincado no alto na
construção. E nem pensar no cheiro de café torrado exalado da chaleira no fogo
de chão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário