SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 10 de novembro de 2018

Palavra Solta – estranhas noites



*Rangel Alves da Costa


As noites são estranhas. São doces, afáveis, mas também perversa e traiçoeira. E sem falar que ela sempre no seu leito de escuridão alguns bichos selvagens: saudade, tristeza, melancolia, nostalgia, verdadeiras ventanias e vendavais. A noite do solitário então é terrível. Frio no calor, calor no frio. Pássaros de bico afiado e punhais vorazes de dor. Uma canção ao longe descendo do telhado. Um gato miando a mesma dor do solitário. Não há lua que seja bela, não há silêncio que não seja grito. Tudo é terrível na noite do solitário. Algo parecido com os noturnos enfermos, doentios, incurados das dores. É depois do anoitecer que os sintomas surgem e ressurgem, que as doenças se manifestam com maior voracidade, que os desalentos domam e dominam a alma. Travesseiros molhados de lágrimas, lenços jorrando tristezas, angústias e aflições. E assim até o amanhecer, noite após noite.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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