Água da noite
Depois do entardecer
depois que o sol
trilha o seu esconder
e uma brisa em aragem
sopra no dia marrom
e a noite pede passagem
é nessa magia solene
que o sertão faz oração
o cancão pia em sirene
como sino de proteção
e mais tarde da noite
com a natureza em frescor
na ventania em açoite
a mão começa o labor
encher a moringa de água
pedir a janela o favor
de deixá-la ali em frágua
adormecendo sem temor
na certeza que deságua
do líquido maior sabor
água de moringa
dormida na janela
é água da noite
benzida na lua
abençoada em silêncio
por um Deus sertanejo
que dá mais força
ao povo que se sustenta
dessa água que é benta.
Rangel Alves da Costa
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