*Rangel Alves da Costa
Tanta ventania. Quanta ventania. Pelo ar o
sopro, o açoite, o redemoinho. E nos instantes de silêncio, apenas a saudade
chegando como folhas secas. A saudade dói, e dói demais. Não há dor maior que a
moldura de um corpo na mente, que o retrato de um sorriso na mente, que as paredes
do coração tomadas de suas imagens. Amei seu sorriso, amei sua palavra, amei o
seu toque, o seu calor, o seu abraço. Amei o seu sexo, amei o seu prazer, amei
o seu gozo. Tudo amei. Mas como amar a saudade de toda moldura e de todo
retrato? Eu que queria paz, que queria apenas tentar esquecer, eis que tenho de
suportar essa ventania da saudade, essa voracidade do vento. E as folhas secas
que entram pela janela da alma e se espalham como tapete de dor. E eu queria
apenas viver. Já que não pude amar, eu só queria apenas viver.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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