*Rangel Alves da Costa
A cidade sergipana e sertaneja de Poço
Redondo, encravada no tacho mais quente do sol e na reluzência da lua mais bela
que possa existir, é lugar que desde muito vem mostrando fatos, situações e
realidades, até difíceis de acreditar. Um misto de lenda, de irreal, mas tudo
na mais verdadeira verdade, como se diz por aqui.
Muita gente não acredita em botija (dinheiro
enterrado em pote, vasilhame ou outro instrumento, e assim deixado para ser
retirado somente anos depois, mas principalmente por outra pessoa que não a que
escondeu a riqueza na fundura do chão), mas meu avô China do Poço já
desenterrou mais de uma. Em sonho, a pessoa é avisada da existência da botija e
depois vai à caça do que foi enterrado, mas sempre num ritual, em obediência a
determinações, sob pena de não conseguir seu intento e ficar assombrado para o
resto da vida.
Foi em Poço Redondo que um sertanejo, depois
de tomar umas e outras, fazia tanta estripulia que até sua esposa não
acreditava mais em sua palavra depois que bebia. Retornando a casa depois de
virar copo de todo tipo de pinga, avistou no quintal um homem escondido num
canto e resolveu dar cabo da vida daquele estranho naquele mesmo instante.
Puxou a faca e deu dois golpes certeiros. Em seguida foi avisar à esposa que
tinha de fugir, pois havia matado um homem. Sem acreditar, a esposa foi se
certificar da vítima e lá encontrou um saco de carvão rasgado pelos golpes da
peixeira.
Coisas
existem que parecem somente acontecer em Poço Redondo. Como dito numa postagem
passada, em Poço Redondo a Rua de Cima (Praça de Eventos) fica na parte baixa e
a Rua de Baixo (Avenida Alcino Alves Costa) fica na parte alta. Existe uma
Praça Antônio Conselheiro (Tanque Velho) que de praça nunca viu nada. Ruas com
nomes como Cuiabá, Mato Grosso e Castelo Branco, mas nenhuma com o nome do
primeiro prefeito: Artur Moreira de Sá. Uma
rua com o nome José Francisco de Nascimento (Zé de Julião), que faz uma volta e
adentra noutra rua com o mesmo nome, e ainda passando pelo meio da Rua Deputado
Djenal Tavares de Queiroz.
A via
pública que já bateu o recorde mundial de mudança de nomes: Rua de Baixo, Rua
dos Vaqueiros, Avenida 31 de Março, Avenida Poço Redondo e agora Avenida Alcino
Alves Costa. Uma cidade sem uma lixeira sequer e uma população reclamando do
lixo jogado nas ruas e praças. Lógico! Um Beco das Sete Facadas que ninguém
sabe quantas foram. Passagens de ruas que são fechadas para construção particulares
e vai ficando por isso mesmo. Um terreno do estado, ao lado de um colégio
estadual (Justiniano de Melo e Silva), mas com gente dizendo que é seu e, por
isso mesmo, não deixa fazer limpeza nem plantar uma só árvore.
Uma Rua do
Campo que ninguém sabe verdadeiramente qual é, pois qualquer rua ao lado ou
perto do campo. Um Bairro São José que quase ninguém conhece pelo verdadeiro
nome: Belém. Um Conjunto Lídia Souza que poucos conhecem que fica no Bairro
Gado Manso. Uma rua que não se chama Zé do Óleo, mas que ninguém conhece se não
for por Zé do Óleo. E você, sabe onde fica a Ponta da Asa?
Coisas que
parece somente existir em Poço Redondo. Coisas até de não se acreditar, mas que
existem.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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