*Rangel Alves da Costa
A ferrugem enferruja o ferro. Verdade
visível, absoluta. A pedra dura, inflexível e impenetrável, vai se tomando de
musgos, vai sendo açoitada pelo tempo, vai, imperceptivelmente, sendo
carcomida. O diamante, com sua solidez petrificada, ainda assim vai sendo
alquebrado pela ação humana. E o que dizer do ferro, o tão conhecido metal que
sempre aparenta força, durabilidade e resistência? O ferro e o ser humano vivem
de aparências. Este, o ser humano, sempre querendo se mostrar inflexível e
inatacável, não suporta sequer o sopro do vento. A dureza humana é desfeita com
simples ações. Quando sua máscara cai, tudo desmorona. Quando seu segredo é
revelado, então todo o seu interior pode ser avistado. Quando desce do
pedestal, então sente que tem de suportar os espinhos. Ainda assim muito ser
humano se mostra com inexistente altivez. Quanta ilusão em fingidas fortalezas
que não suportam sequer um sopro de verdade. Os cemitérios, as sepulturas e as
covas rasas, estão cheios de pedreiras humanas em pó transformadas. Fantasmas
vagueiam achando que levam escudo e coroa. Apenas um nada sob a forma humana.
Triste ouvir “Eu sou!”. És o que? Nada mais que uma ilusão. Bem assim aconteceu
com o ferro. Imponente, inatacável, indestrutível, mas baixou a cabeça quando a
maresia soprou. Começou a sentir nas entranhas a fragilidade. Ainda assim se
mostrou mais inflexível e mais arrogante. Então a ferrugem acariciou sua pele,
dizendo: “Mostrarei o que és!”. E hoje do ferro nada mais resta. A ferrugem do
tempo destruiu o ferro da vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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