SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 8 de dezembro de 2019

Palavra Solta - nossos fingimentos



*Rangel Alves da Costa


Não estamos bem a todo instante. Vivemos como num Eclesiastes desenfreado. Agora o sorriso e depois a tristeza, agora a paz e depois a angústia. Conhecer tais inevitabilidades ameniza muito, vez que já podemos nos preparar para o que possa acontecer. Contudo, sempre dói transformar o Eclesiastes e, por conveniência dos outros ou para o regozijo dos outros, mostrar-se somente com alegria, com sorrisos, em contentamento sem fim. Sabemos o que nos aflige, até queremos chorar, gritar, espernear, mas tudo passa a ser negado apenas pela aparência. Não demonstrar aos outros nossos sofrimentos e nossas angústias, torna-se dor ainda maior, pois uma voz interior que grita e uma voz exterior que silencia. Neste combate, entre o ser o fingir, o único perdedor é aquele que se deixa levar pelas aparências, que quer agradar os outros, e não vive consigo nem para si mesmo o seu fogo e o seu renascimento.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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