*Rangel Alves da Costa
Muitos
amigos partiram. Velhos companheiros, conterrâneos de fibra, sertanejos de
monta. As saudades são muitas.
Todos
mereceram seu lugar ao sol e dignificaram suas existências, e, por isso mesmo,
deixaram tantas recordações.
Um imenso
álbum de adeuses, de nostalgias, de relembranças. Eu já tive que dar adeus
àqueles que me fizeram ser luz no mundo.
Meus pais
não estão mais aqui. Meu lenço já foi estendido aos avôs e avós, a tios e tias,
primos e primas, a uma imensidão de parentes.
Já perdi
amigos, já entristeci com a partida de muitos. Minha prima Aninha, Tio
Pedrinho, Toinho de Cordélia, Manoel Messias, Jaminho, Zé Delino, Leto e muitos
outros.
Mas um
dia, lembro-me como agora, no meio da noite, madrugada adentro, Sônia Godoy me
telefonou para uma inesperada e desesperadora notícia.
Disse:
“Rangel, seu irmão Alcimar sofreu um acidente e faleceu na estrada de Canindé.
Marcinho de Zé de Lídia estava com ele e também faleceu. Veja se consegue ir
fazer o reconhecimento dos corpos no IML, assim que chegarem”.
O ano era
1993, o mês era julho, o dia era 05. Nascido em 06 de setembro de 1971, Alcimar
estava com apenas 22 anos. E Marcinho quase na mesma idade.
Naquela
noite trágica, duas jovens vidas deram seu inesperado adeus. Alcimar (na foto
abaixo) meu irmão, todo sonhador, cheio de amigos e de muitos planos, e
Marcinho, uma doçura de pessoa, amigo de coração.
Triste
recordar assim, mas o coração não esquece nem apaga aqueles que pulsam o mesmo
sangue e o mesmo afeto. Os lenços continuam molhados. Lembro-me como se fosse
agora...
Doloroso,
porém necessário recordar. Ao lado da eterna oração, da vela acesa e do clamor
ao sagrado pela salvação das almas, sempre será preciso recordar.
Os afetos
nunca acabam. Os laços consanguíneos eternizam-se em constante pulsar, ainda
que após adeuses dados. As verdadeiras amizades não morrem nem com a morte.
Também não
vivemos somente para o adiante, para o agora e para depois. Somos parte de um
contexto onde o passado muito diz sobre o que somos agora. E a recordação faz
parte desse olhar necessário ao que valeu a pena ter vivenciado e convivido.
E não se esquece
dum irmão. Um jovem irmão que tão cedo partiu do convívio terreno. E não se
esquece de um bom e afetuoso amigo, enraizado que vivia num parentesco de
coração.
Por isso
mesmo que as recordações continuam e os lenços ainda estão molhados. E
certamente assim permanecerá. Mesmo que os olhos não chorem, os prantos surgem
pela simples ausência.
Os prantos
surgem, ainda que não vertidos em lágrimas, pelas outras lágrimas chamadas
saudades.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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