SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 29 de dezembro de 2019

Palavra Solta – o vermelho e o negro



*Rangel Alves da Costa


Silencio de coração partido. A vontade é de gritar, mas silencio de coração partido. Tenho que fingir uma felicidade que não existe em mim. Sorrio chorando por dentro. Mostro alegria e contentamento quando sei que nada merece sequer uma feição de tranquilidade. Não sei até que ponto a ilusão vai se sobrepor à realidade. Não sei até quando a máscara vai fingir que é o rosto. Não sei até quando a palavra presa vai continuar sendo apenas silêncio. Gota a gota o copo vai enchendo, e talvez não caiba nem mais um pingo. Mas dizem que o amanhã sempre será outro dia. Uma verdade. Mas dia após dia que o outono devasta tudo, a ventania açoita sem fim, a tempestade em fúria devasta tudo. Esperar o tempo do Eclesiastes, não há outra coisa a fazer. Se após a dor vem a cura, depois do sofrimento vem a paz, então não resta outra coisa a fazer. Esperar o tempo do Eclesiastes ou fazer tudo ao modo dos homens ou dos animais selvagens. Avançar, destruir, dizimar, acabar de vez com a causa de todo o mal.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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