*Rangel Alves da Costa
Entristecido, indago: Como tem sido o Natal
de Dona Corina, em meio a tanta solidão? Juro por Deus, mas só agora me lembrei
de Dona Corina, uma senhora que vive sozinha numa casinha ao pé da serra, na
divisa entre Sergipe e Bahia, indo pra Serra Negra. Desculpe pelo esquecimento,
Dona Corina, mas saiba que eu gostaria muito de visitá-la, de passar um pedaço
de noite ao seu lado, de repartir um naco de qualquer coisa. Imagino sua
tristeza nessa lonjura de mundo, nesse breu perigoso, nessa silenciosa
desvalia. Talvez tenha chegado uma visita ou outra, um parente ou outro, mas
sua solidão continua. Solidão que é quase uma escolha de vida (e eu conheço
isso, minha amiga). E a essa hora da noite, já passado das sete, sua porta
fechada ouve somente o silêncio da oração e das memórias que chegam como açoite
de ventania. Boa noite, Dona Corina. Que suas saudades não atrapalhem os seus
sonhos e nem seu despertar chegue com pouco sol. Feliz Natal, Feliz Natal, tudo
de bom em sua vida!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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