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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



quinta-feira, 22 de abril de 2010

SEXO EM OFERTA (Crônica)

SEXO EM OFERTA

Rangel Alves da Costa*


Como as necessidades humanas geraram as primeiras trocas de objetos, estas se transformaram em relações negociais e após se aperfeiçoaram como compra a venda especializada de mercadorias, da mesma forma o sexo procurou se firmar enquanto negócio especializado em corpo. Só que com suas peculiaridades inerentes à oferta e à procura.
Segundo a lei da oferta e da procura, sempre que um produto é muito procurado, adquirido e consumido, seu preço tende a aumentar cada vez mais; quando um produto de custo elevado é muito adquirido, sua fabricação tende a aumentar, é estimulada; quando muitos produtos são comercializados e devido a essa quantidade o preço baixa, sua produção é desestimulada. No comércio do sexo funciona de modo diferente, principalmente quanto ao desestímulo na produção.
Enquanto produto de compra e venda, vez que este tem na oferta uma importância maior do que na procura, o sexo parece ser determinado pela qualidade e não pela quantidade. Se quem está disposta a comercializar seu produto possui uma carinha de ninfeta, é possuidora de atributos físicos que são verdadeiro marketing, não possua muito uso e esteja exposta em lugar não muito banalizado, a tendência é que se faça um bom negócio. E isto vale para os dois sexos.
Determinados consumidores, quando se dispõem a pagar um preço mais elevado pelo produto, geralmente se tornam mais exigentes. Dão uma passeadazinha pelos shoppings, observam determinados gestos e olhares, vão até outros points, caminham pelas esquinas, passam pelas praças e num destes lugares certamente irá encontrar pessoas oferecendo todo tipo de sexo e sexo para as mais diversas utilidades.
Muitas vezes, determinados consumidores apressados, doidos para descarregar seus impulsos, por necessidade urgente e premente ou porque realmente não sabem escolher e se contentam com qualquer coisa, só não colocam em prática e usam o produto na hora porque a pessoa que vai vender este diz que tem um lugarzindo reservado exclusivamente para o teste drive, e que ali não seria ideal porque o seu produto possui múltiplas funcionalidades e que aquele local não é o lugar adequado para a sua desnuda demonstração. De tão ávidos, muitos se contentam em abrir a caixa do produto e já se dão por satisfeitos.
Como afirmado, existem certos lugares onde pessoas querem sutilmente realizar seu comércio, vendendo seus corpos e suas vergonhas por preços superfaturados, vez que muitas vezes a qualidade do produto não é confiável e de qualidade muito inferior ao encontrado num breguinha qualquer de ponta de rua. Mas o preço é dado pela aparência da pessoa e do lugar, e é por isso que todos sabem que comprar prazeres sexuais nos shoppings, nas academias e nas festas glamurosas sai por um preço muito maior do que nas feirinhas das trocas das ruas escuras, nas sulancas da prostituição e nas ofertas-relâmpagos que a todo instante surgem em qualquer lugar.
Existe outro fator que influencia muito no preço do sexo, gerando muitas vezes ofertas imperdíveis e outras vezes produtos podendo serem adquiridos totalmente grátis. Isto ocorre muito nas baladas, nas festinhas entre amigos e na amiga que maliciosamente vai apresentando amigas a amigos, e vice-versa, alimentando assim um verdadeiro círculo de prostituição cordial. E não são raras às vezes que alguém olha para o outro, se aproxima e a única coisa que diz é que quer dar seu produto sexual e pronto. Quantos não vivem transando por aí sem ao menos já terem visto antes ou saber dos nomes dos parceiros, se assim podem ser chamados? Na prostituição oficializada ao menos não tem essa feição de sexo desconhecido, pois o único compromisso é o prazer de um e o lucro do outro.
O problema é que como as coisas estão indo não há prêmio Nobel em economia que faça qualquer previsão sobre o comércio sexual, a prostituição por qualquer moeda e a total desvalorização cambial da vergonha. Ora, se de repente não haverá mais o que se comprar, vez que o sexo de tão banalizado não terá mais valor algum, deverá se impor a teoria que já vem sendo aplicada na prática e que diz: o sexo pago é desvantagem na medida em que é a pessoa que deveria pagar que passará a receber dinheiro para praticá-lo.



Advogado e poeta
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

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