*Rangel Alves da Costa
Hoje
Bastião de Timbé, seus familiares e amigos, estão em festa, pois a comemoração
de seus 79 anos de idade. Sem dúvidas que um grandioso dia para felicitar e
abraçar este filho de Francisco Alves dos Santos (Timbé) e Conceição Marques
que ainda está entre nós e que por toda a existência soube tão bem construir
uma história de honradez, luta e tenacidade.
Atualmente
morador da cidade, sempre encontrado entre amigos na sua calçada na Praça da
Matriz de Poço Redondo, no sertão sergipano, certamente distanciado daquele seu
outro tão vivenciado nas suas lides de homem da terra, da fazenda, do gado, da
vaqueirama, da pega-de-boi. Bem assim mesmo, pois Bastião notabilizou-se
principalmente como vaqueiro, e um dos maiores de todo o sertão sergipano.
Foi com o
seu pai Timbé, também grande vaqueiro e amante dos currais e da lida com o
gado, que Bastião começou a tomar gosto pelas coisas dos sertões catingueiros e
cheirando a boi brabo, traquina e corredor. As fazendas Capela e Lagoa da
Mangabinha, de seu pai Timbé, foram seus primeiros berços de aprendizado. O
passo seguinte foi se tornar vaqueiro em outros locais, nas fazendas grandes de
renomados senhores.
Antes
disso, porém, prestou serviços temporários na grande e afamada Fazenda Cuiabá,
de Hercílio Brito, onde ajudava o recém-falecido Rivaldo de Janjão no
tangimento de rebanhos e na pega de boi valente. Foram lições primordiais para
o seu aprimoramento das coisas da vaqueirama. Tanto assim que o seu nome logo
chegou ao conhecimento de outros portentosos donos de fazendas. Piduca
Alexandre (irmão de João Maria de Carvalho da Serra Negra), dono de muitas
propriedades nas terras sertanejas de Poço Redondo, logo viu no jovem Sebastião
a pessoa ideal para tomar conta de seus pertences de gado e terra. Assim o
convidou para ser vaqueiro na Barraca dos Negros, uma de suas grandes
propriedades.
Quando
esta propriedade foi vendida aos Honorato, o passo seguinte foi ser transferido
para a Baixa Verde, também de Seu Piduca, onde permaneceu até adquirir seu
próprio pedaço de chão, lá pelos idos dos anos 70. Mesmo não podendo ser
comparada às grandes fazendas em extensão e rebanhos, mas a sua Pia da
Barriguda passou a se constituir o seu imenso mundo e a ser seu orgulho maior.
Em 2017,
mais por pedidos familiares do que por desejo próprio, Bastião deu adeus ao
curral, aos bichos de cria, despediu-se da moradia, fechou a porteira e foi
morar de vez na cidade. Vendida a Pia da Barriguda, certamente que sua memória
ainda convive com todo o seu passado de vaqueiro, de homem do mato, de
destemido em cima de um cavalo alazão. Sempre ladeado de netos, filhos,
parentes e amigos, um encanto de pessoa em atenção e proseado. A verdade é que
fez fama e continua reconhecido como um dos maiores de toda a história
sertaneja.
Em seu
livro Vaqueiro, Cavalo e Boi (ainda não publicado), o saudoso Alcino Alves
Costa, primo de Bastião, tece algumas considerações sobre sua vida vaqueira, e
diz: “Sebastião de Timbé era um extraordinário conhecedor de rastros, mateiro
que sabia distinguir a pegada de uma rês fosse ela qual fosse... Montado em
seus cavalos, o Meladinho ou o Escurinho, Bastião de Timbé não temia boi. Era
vaqueiro de vanguarda e detentor de grande conhecimento da caatinga. Era um
daqueles que se costumava dizer: ‘este não dá corda pra ninguém’... Nos campos
do sertão sergipano o gado era quase selvagem. Está na história de Poço Redondo
a odisseia do gado brabo de Mané do Brejinho; assim como o heroísmo dos
notáveis vaqueiros de Poço Redondo, especialmente representados pelos
incomparáveis Abdias, Tião de Sinhá, Rivaldo de Janjão, Sebastião de Timbé e
Elias de Tonho Gervásio...”.
Hoje ali
na sua calçada, muitos que passam talvez nem conheçam sua fama e sua história.
Mas, sem dúvidas, um dos maiores nomes da história vaqueira de Poço Redondo.
Parabéns, Bastião. Feliz aniversário e muitos anos de vida abrilhantando ainda
mais o grande livro sertanejo.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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