*Rangel Alves da Costa
Para que servem os retratos? Para que servem
as velhas e amareladas fotografias? Tudo, menos para o abandono, o esquecimento
e o tanto faz de sua existência. Nas paredes da memória, um velho retrato
apenas, e para muitos nada mais que isso. Contudo, basta uma ligeira passada no
olhar para sentir quanta significação. Num sertão do passado, amigos reunidos
em local qualquer. Amigos que já partiram e também de viva presença. Numa só
moldura, num só instantâneo de vida e para a posteridade, nada menos que quatro
sertanejos de renome e galhardia: Luizinho da Fábrica, Chico de Celina, Zé
Ferreira e Messias Marchante. Cada um com sua glória e sua história. Cada um de
tanta importância no mundo sertanejo. E todos, um dia, sob o solo sagrado de
Poço Redondo. E por isso mesmo tal retrato eternizado na parede da memória e da
história, envernizado pelo prazer do avistamento e pelas lágrimas da saudade,
exposto eternamente perante os olhares que valorizam e reconhecem a pujança
daqueles que engradeceram o nome de Poço Redondo e do mundo-sertão, que fizeram
os seus passos, a cada passo. Seu Luizinho com aquela feição amigueira que lhe
era tão peculiar. Chico de Celina, despojado de suas vestes de vaqueiro e de
carreiro, parecendo até arrumado demais para uma festança. Seu Zé Ferreira
naquele conjunto azul que ele tanto gostava, roupa de bolsos grandes, largos,
de calça boca de sino e relógio bonito no braço, sinal de que não demoraria a
participar de alguma comemoração. E, por último, o nosso ainda presente Messias
Marchante, e todo enroupado, cigarro no bico, de chapéu de couro e fazendo
pose. Um quadro realmente para recordar, para compartilhar do passado e da
presença desses bravos sertanejos. Que o diga Seu Messias, ainda hoje levando a
vida na mesma sertanejice de sempre.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário