*Rangel Alves da Costa
Aqui sozinho. Estou agora aqui sozinho. Um
gato mia, e uma gata está no cio. Lá no telhado, sob o luar, e eu sozinho.
Passei na praça e vi pessoas enamoradas. Beijos e abraços, juras de amor, olhos
nos olhos. Ainda estão amando assim, mas eu aqui na solidão. Lua e estrela numa
paixão iluminada. Atrás de nuvens vão se esconder e namorar. E eu aqui sozinho.
A ventania vai passando com as folhagens, e de braços dados e sussurros
apaixonados. E eu aqui, aqui sozinho. Mesmo a rua no seu deserto, no seu
noturno de solidão, encontra algum para abraçar os seus mistérios. E eu aqui
sozinho. Gafanhotos, insetos noturnos, corujas, gaviões, carcarás, todos com seus
gemidos, com seus ruídos, para serem percebidos. E de repente já saídos da
solidão. Mas eu aqui na noturna solidão. Ela não veio, ela não vem, ela se foi.
Minha metade me deixou na solidão. E fiquei somente na outra metade da solidão.
E tão inteira e apavorante é a solidão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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